Muitas pessoas descartam a possibilidade de experimentar uma aula de yoga, porque acham impossível ficar sem pensar em nada.
No momento em que o professor pedir para que eu me assente em padmasana (postura de lótus), eu não vou conseguir parar de pensar, porque eu sou uma pessoa muito agitada.
Primeiro, precisamos entender o que é o pensamento:
Etimologicamente, pensar significa avaliar o peso de alguma coisa. Em sentido amplo, podemos dizer que o pensamento tem como missão tornar-se avaliador da realidade.
Frequentemente recebemos novos estímulos através de nossos cinco sentidos (olfato, paladar, visão, audição e tato) somos capazes de avaliar esses estímulos através do pensamento.
Segundo Descartes:
“A essência do homem é pensar“. (Por isso dizia): “Sou uma coisa que pensa, isto é, que duvida, que afirma, que ignora muitas, que ama, que odeia, que quer e não quer, que também imagina e que sente“. (Logo quem pensa é consciente de sua existência) “penso, logo existo.” |
Pensar é inerente ao ser humano, um bem precioso.
O pensamento é formado por uma série de processos. Um desses processos é a linguagem. Logo, quando lemos; estudamos ou aprendemos uma nova língua, expandimos nossos pensamentos e aumentamos a nossa capacidade de novos aprendizados.
Você diz que o pensamento é uma dádiva, mas para meditar eu preciso parar de pensar, certo?
Estamos falando dentro de nossas cabeças praticamente o tempo todo.
Boa parte dos nossos pensamentos são inúteis ou sem solução imediata.
Alternamos entre um pensamento e outro. Muitas vezes sem perceber, como macacos pulando de galho em galho.
Existe uma crença errada de que meditar é parar de pensar.
A verdade é que só iremos parar de pensar quando morrermos.
O problema não são os pensamentos, mas o excesso deles.
Em menos de vinte minutos, é provável que você já tenha tido inúmeros pensamentos e muitos deles tenham sido desnecessários.
Quando iniciamos as práticas meditativas, descobrimos uma mente agitada e muito falante.
O objetivo da meditação, não é te deixar sem pensar, o objetivo é desacelerar esses pensamentos.
Uma mente que julga, fica se comparando e tem excesso de pensamentos, pode trazer problemas como ansiedade e estresse.
Com a tecnologia sempre presente e as cobranças de nossa rotina diária, damos lugar a inúmeros pensamentos barulhentos e cansativos.
Quando o seu instrutor de yoga, te pedir para sentar e silenciar a mente enquanto apresenta ferramentas para desacelerar os pensamentos, ele está te oferecendo maneiras de diminuir o fluxo mental.
Existem várias técnicas que levam à meditação tais como: visualizações, mantras, meditação guiada, pranayamas e asanas. Todas te ajudam a entrar no estado meditativo.
O estado meditativo também possui sons e imagens, mas são de profunda calma e sutileza, te trazendo paz e tranquilidade.
Como diz a Monja Coen:
Meditar, é quando atingimos um estado mais profundo, como se entrássemos no mar. No começo tem as marolas na beira da praia, você aprende a nadar, você aprende a furar a onda e você pode aprender a mergulhar em profundidade. Essa profundidade tem os seus sons, eles são mais quietos. A mesma luz em níveis mais profundos já não há mais cor, porque não há mais luz. É diferente o som lá de baixo, é como se não houvesse som.
A experiência da meditação nos leva ao samadhi, que segundo Patañjali é a cessação das oscilações da mente.
O experimento de profunda paz e alegria, mesmo que em pouco tempo. A experiência é mais importante do que o tempo que você passa no estado meditativo e a tendência é que com prática, esse tempo aumente.
Meditar não é ficar sem pensar.
É ter consciência dos pensamentos existentes.
Caso contrário, voltamos ao exemplo de macacos pulando de galho em galho, fazendo barulho e descontrolados.
Assim é a mente de quem se deixa dominar pelos pensamentos.
A prática de yoga frequente no longo prazo vai te proporcionar um estado de quietude mental.
Como diz a música:
Pensamento é um momento
Que nos leva a emoção
Pensamento positivo
Que faz bem ao coração
O mal não
O mal não
O mal não
-Cidade Negra
Referências